Na última década, encaramos um crescimento expressivo da saúde suplementar no Brasil — a ANS nos demonstra que, de 2009 a 2019, a cobertura da área abrangeu quase 5 milhões de brasileiros a mais. Embora isso signifique um sucesso no segmento, no entanto, os desafios para o gestor de operadora de saúde também aumentam.
Com a responsabilidade de cobrir um número crescente de usuários, esse profissional deve se preocupar com múltiplas áreas do atendimento. A atratividade da saúde suplementar também aumenta o número de planos de saúde, intensificando a concorrência; e, por fim, o custo ascendente da saúde torna a gestão financeira cada vez mais delicada.
Pensando nos novos desafios que influenciam a carreira do gestor de operadora de saúde, reunimos 5 práticas de excelência no setor. Com elas, você terá mais ferramentas para se destacar no mercado e levar seu plano a um novo patamar. Continue lendo para saber mais.
1. Profissionalize sua gestão
As especialidades na medicina estão se tornando cada vez mais diversas. Hoje, encontramos pós-graduações lato sensu em áreas focadas especificamente na gestão da saúde privada: cursos em auditoria, gestão financeira e gerenciamento de vidas são alguns exemplos.
São vários os motivos dessa superespecialização. O primeiro deles está relacionado com a concorrência entre planos de saúde, que força metas cada vez maiores. Há alguns anos, talvez não fosse necessário um conhecimento tão específico; hoje, é. Sem profissionais altamente capacitados ao seu lado, suas métricas de gestão podem começar a cair e seus objetivos podem ficar mais distantes.
Outro motivo é a complexidade da assistência à saúde, que vem crescendo cada vez mais. Com técnicas mais eficazes de tratamento, muitos pacientes sobrevivem com doenças que, antes, não eram tão frequentes. Um exemplo muito comum é o infarto do miocárdio — com uma taxa de sobrevida maior, aumenta-se o número de pacientes com sequelas, como a insuficiência cardíaca. O acúmulo de agravos em saúde torna o papel do gestor de operadora de saúde mais desafiador, porque ele precisa ajustar várias especialidades e níveis de cuidado.
Existe uma crescente introdução de novas tecnologias em saúde, que nem sempre são eficazes e que elevam substancialmente o custo da assistência e, consequentemente, a sinistralidade das operadoras.
2. Atente às normas reguladoras
A saúde suplementar é regulada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Ela dita algumas normas válidas em todo o território nacional, prezando pela qualidade do atendimento e pela transparência. Operadoras que não atentam a essa regulação podem sofrer sanções, que vão desde as multas até a interrupção do funcionamento.
Para garantir que o seu serviço está de acordo com os padrões de qualidade da ANS, ela tem um mecanismo próprio: a Certificação de Boas Práticas em Atenção à Saúde. Essa é uma maneira fácil e objetiva de identificar pontos de inadequação do serviço e melhorar sua gestão. Além disso, a certificação também favorece o marketing da operadora, trazendo uma imagem de confiança e excelência.
Além da ANS, a legislação nacional também impacta a gestão à saúde. Um dos exemplos recentes é a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais, de 2018. Ela visa a aumentar a segurança de dados de todas as empresas, frente a recentes polêmicas em relação à venda e ao vazamento de dados. Na área da saúde, ela evoca a necessidade de prezar pelo sigilo médico e pelas informações sob responsabilidade da operadora. Atentar a essas mudanças recentes pode evitar complicações jurídicas para a sua gestão.
3. Invista na tecnologia
Quem atua na área médica sabe o quanto a tecnologia tem se tornado essencial para o atendimento: desde exames modernos até prontuários eletrônicos, estamos cercados por inovações digitais. A novidade — que se tornará tendência nos próximos anos — é a chegada dessa tecnologia até a gestão da saúde.
Alguns processos administrativos e burocráticos da operadora podem consumir tempo e recursos em excesso. O fluxo de solicitações de procedimentos, o agendamento de consultas e as auditorias individuais são alguns dos principais exemplos. A tecnologia ajuda a otimizar esses processos, reduzindo custos e evitando o retrabalho.
Caso você opte por um software de gestão, por exemplo, todos os processos administrativos estarão centrados em um único ambiente virtual. Solicitações, realização de orçamentos e organizações de escalas serão realizadas pelo computador, e não mais à mão. Já imaginou como sua gestão pode ficar mais fácil com essas ferramentas?
4. Adote KPIs de qualidade
A sigla KPI se refere a “Key Performance Indicator”, que, em tradução literal, significa “indicador principal de performance”. Os KPIs são conhecidos em vários ramos do empreendimento, e, na área da saúde, não é diferente; afinal, a saúde suplementar é parte do mercado privado e é regida por objetivos comuns a qualquer negócio.
Os KPIs são importantes porque, sem eles, o gestor pode ficar desorientado e não saber quando intervenções dão certo ou não. Suponha que você estabeleça um novo protocolo para o tratamento de câncer de pulmão, por exemplo. Como medirá a eficácia desse protocolo? Pelo número de óbitos pela doença? Pelos anos de vida ganhos com um novo medicamento? Pelo valor investido em cada paciente?
Todas essas variáveis impactam na eficácia da assistência à saúde e, consequentemente, no sucesso da sua gestão. Por isso, antes de realizar qualquer mudança na operadora, é importante elencar um KPI representativo e poderoso. Ele precisa mensurar diretamente a variável que mais importa, ter baixa variabilidade e ser facilmente obtido. Com essas características, você terá certeza de que está atingindo os objetivos propostos.
5. Simplifique sua gestão com a análise SWOT
A análise SWOT é outro método utilizado pelo ambiente do empreendedorismo, que pode ser levado para os planos de saúde. A sigla significa “strenghts, weaknesses, opportunities and threats”, que, traduzida, torna-se “forças, fraquezas, oportunidades e ameaças”. Essa análise consiste na criação de um quadro com essas 4 características.
Os pontos fortes e fracos são considerados de origem interna, intrínsecos ao funcionamento do negócio; as oportunidades e ameaças, por outro lado, estão relacionadas ao ambiente externo, mais variável. Outra análise que pode ser feita tem relação com o que é útil ou prejudicial à empresa: pontos fortes e oportunidades são favoráveis ao seu crescimento, enquanto os pontos fracos e as ameaças são desfavoráveis.
Construir uma análise da sua gestão com esse quadro facilita a fácil identificação dos fatores que influenciam sua gestão. A análise SWOT também preconiza intervenções específicas em cada área: elementos de origem interna, por exemplo, são mais fáceis de mudar do que os de origem externa.
Perceba que, embora desafiadora, a gestão da saúde suplementar pode ser otimizada com poucos ajustes. Seguindo essas dicas práticas, você estará mais apto a destacar o seu plano de saúde no mercado e a sobrepor-se à concorrência.
Além desses passos, existem também maus hábitos que podem ser evitados por um bom gestor de operadora de saúde. Dentre eles, podemos citar a falta de transparência nos contratos e as auditorias manuais, podendo aumentar, por exemplo, o número de fraudes na área da saúde.
Se você se interessou em ser um gestor de operadora de saúde mais eficaz, que tal se aprofundar um pouco mais? Saiba como fazer a gestão estratégica de custos na gestão de planos de saúde!